segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Exercício físico previne impacto negativo do estresse sobre a longevidade


Cientistas da University of California, nos Estados Unidos, descobriram que praticar exercícios físicos pode evitar o encurtamento dos telômeros, uma medida do tempo de vida da célula e da longevidade humana, normalmente afetada pelo estresse psicológico.

A equipe se concentrou em três grupos: mulheres na pós-menopausa que foram as principais responsáveis por um membro da família com demência; jovens e adultos de meia-idade com transtorno de estresse pós-traumático; e mulheres saudáveis, não-fumantes entre 50 e 65 anos.

Os pesquisadores examinaram os telômeros em leucócitos ou células brancas do sangue, do sistema imunológico, que defendem o organismo contra os agentes infecciosos e danos às células.

"Nossos resultados sugerem que eventos traumáticos crônicos e estressantes são associados com o encurtamento dos telômeros nas células do sistema imunológico, mas que a atividade física pode moderar este impacto", disse o co-autor Jue Lin.

Os telômeros são pequenas unidades de DNA nas extremidades dos cromossomos que protegem e estabilizam os cromossomos. Cada vez que uma célula se divide, alguns telômeros são dispensados. Após um determinado número de divisões celulares, que varia dependendo do tipo de célula, os telômeros atingem um comprimento crítico e a célula normalmente morre. Às vezes, porém, as células deixam de se dividir e estão sujeitas a instabilidade no genoma, promovendo a inflamação no corpo.

Cientistas já sabem há mais de uma década que o comprimento dos telômeros em células do sistema imunológico é um marcador do envelhecimento celular. Nos últimos anos, eles descobriram que os telômeros mais curtos são associados a uma ampla gama de doenças relacionadas ao envelhecimento e é preditivo de incidência e prognóstico das doenças cardiovasculares e uma variedade de cânceres.

Um estudo realizado em 2004 revelou que o estresse psicológico pode afetar o comprimento dos telômeros em células do sistema imunológico. Nele, os pesquisadores relataram que a percepção do estresse psicológico em mulheres cuidadoras de crianças cronicamente doentes estava relacionada com telômeros mais curtos nos linfócitos, células chave do sistema imunológico. Esses dados ofereceram a primeira evidência de que a manutenção dos telômeros potencialmente media os efeitos prejudiciais do estresse sobre a saúde.


Ensaios clínicos

Na presente pesquisa, os pesquisadores seguiram por dois anos 63 mulheres saudáveis na pós-menopausa que foram responsáveis por um membro da família com demência. Em uma análise anterior de 36 dessas mulheres, o pessimismo foi associado com altos níveis de uma proteína pró-inflamatória frequentemente associada com estados de envelhecimento, doenças e com telômeros curtos.

Em uma análise recente e separada de todo o grupo de mulheres, um aumento no estresse percebido foi relacionado a um aumento na probabilidade de ter telômeros mais curtos apenas nas mulheres que não se exercitavam. Entre aquelas que praticavam exercício, o estresse não esteve relacionado com o comprimento dos telômeros.

Um segundo estudo analisou 43 pessoas com idades entre 20 e 50 anos com transtorno de estresse pós-traumático crônico. Eles foram comparados a 47 indivíduos sem PTSD. Os resultados mostraram uma relação entre TEPT e o comprimento curto dos telômeros. Mas ainda mais interessante, a conclusão mostrou que, nestes adultos, a exposição ao trauma de infância - ou antes dos 14 anos - também foi associada com o encurtamento dos telômeros e responsável pela ligação entre o TEPT e os telômeros.

Um terceiro estudo analisou dados de 251 mulheres saudáveis, não-fumantes, com idades 50 e 65 anos e níveis variados de atividade física. Os resultados mostraram que mulheres que não se exercitavam e com história de abuso na infância tinham telômeros mais curtos do que aquelas sem histórico de abuso. Mas, nas mulheres que se exercitavam regularmente, não houve relação entre abuso sexual na infância e o comprimento dos telômeros, após o controle de índice de massa corporal, renda, escolaridade e idade.

"Nós vimos uma relação entre trauma na infância e o comprimento curto dos telômeros, mas o relacionamento parece desaparecer nas pessoas que se exercitam vigorosamente pelo menos três vezes por semana", afirmou Lin.

Fonte: Saúde.net

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